Releitura: Noruegueses ainda na frente?
Os avanços da ciência no treinamento e o impacto na performance
Redação
Segundo Olav Bu, head coach da equipe norueguesa de Triathlon, impedir a rápida redução das reservas de glicogênio durante o Ironman é a estratégia utilizada por Kristian Blummenfelt para manter sua potência ao longo de 7h e 49min de competição.
Pedalar e correr em alta intensidade por longo periodo de tempo também promove incrementos na temperatura corporal que levam a desidratação.
A redução de apenas 1,5% do peso já é suficiente para comprometer o rendimento aeróbico e acelerar a própria taxa de degradação de glicogênio. Isto ocorre pois a desidratação reduz a oferta de nutrientes e os niveis de energia na fibra muscular, aumenta a secreção de epinefrina suprarrenal e eleva a temperatura corporal, todos eles fatores capazes de acelerar a atividade da glicogênio fosforilase. Assim, além de treinar corretamente, um dos maiores desafios do atleta de Ironman é ser capaz de beber líquidos e ingerir carboidratos em quantidades suficientes para atender necessidades sempre particulares e individuais.
O triathlon ainda é um esporte recente com pouca massificação e seleção natural dos individuos mais capazes para o alto rendimento. Desde 1982 que o recorde do Ironman decai cerca de 30 minutos por década, algo que não pode ser observado na maratona cujo tempo reduziu apenas cerca de 2 minutos a cada 10 anos.
Ainda que o tempo na maratona seja 3,6 vezes inferior ao dedicado ao Ironman, o ritmo de aprimoramento no triatlon indica que o rendimento nesse esporte ainda depende muito do método de treinamento e dos habitos de vida implementados, e mais recentemente, também de controles mais precisos de parametros metabólicos e fisiológicos durante o exercicio.
Os avanços da ciência que permitem o acesso a tais informações não são segredo e os europeus saíram na frente em sua utilização.
Roger de Moraes
Ex-triatleta Profissional, Professor de Fisiologia Geral
Doutor em Ciências com Pós-Doutorado no Laboratório de Investigação Cardiovascular do Instituto Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz