Usando a Percepção de Esforço Subjetiva - parte 1

Controle as cargas de treinamento usando sua percepção

Usando a Percepção de Esforço Subjetiva - parte 1

Hoje em dia muitos triatletas estão usando a potência para avaliar e monitorar as
intensidades de treino e isso é muito bom. Porém o grande problema é achar que a única forma de se treinar é somente pela potência.

Temos que deixar bem claro que o objetivo deste artigo não é falar mal do uso da potência e sim, destacar que é MAIS uma ferramenta de controle das cargas de treino e não a ÚNICA, ok?

Vamos remeter ao final da década de 80, mais precisamente no IRONMAN de Kona em 89 (a famosa IRONWAR) entre SCOTT e ALLEN. Nos últimos quilômetros da maratona, Mark Allen percebeu o exato momento de literalmente atacar SCOTT para conseguir sua primeira vitória no IRONMAN em Kona (depois de quase 8 anos de fracasso) Mark Allen usou o que para definir esse ataque? Sua frequência cardíaca? Se o pace estava dentro do limiar de lactato? Se estava perfeitamente hidratado? Se estava dentro do seu limiar anaeróbio? Se seu limiar anaeróbio estava de acordo com a sua frequência cardíaca?

Com certeza não! O que determinou a hora do ataque foi sua real condição física avaliada pela percepção de esforço (sua percepção) – percepção subjetiva de esforço – usado desde há muito tempo por treinadores e atletas principalmente de endurance como o triathlon.

Todo triatleta tem um único objetivo dentro dos treinos: identificar a máxima velocidade dentro das três modalidades com predominância do metabolismo oxidativo (metabolismo aeróbio).

Para isso, usamos a frequência cardíaca (diferentes fórmulas), concentrações de lactato sanguíneo para determinar intensidades ótimas de treino e competição, testes de esforço para determinar o consumo máximo de oxigênio e seus limiares 1 e 2, ponto de compensação respiratória, marcadores de potência e por ai vai....Isso tudo e muito válido, sim, muito mesmo, mas não podemos esquecer que são apenas indicadores, que sua real condição depende de frio, calor, vento, umidade, níveis de estoque de glicogênio, altimetria e muito mais.

Esses itens acima mostram que, além de muitos testes serem em laboratório (onde controlamos as variáveis externas e isolamos o que desejamos avaliar) temos como desvantagem o fato de não ser o ambiente real de treino e competição. Mas dai você pode indagar que o uso da potência nos treinos de bike são feitos em campo (no rolo ou na estrada). Como disse anteriormente, o uso do potência na bike é um ótimo indicador mas nunca será o melhor.

Aliás, não existe melhor forma, TODOS os métodos tem vantagens e desvantagens, mas hoje estamos falando da percepção subjetiva de esforço, uma forma barata, simples e eficiente de controlar as cargas de treino e pode ser usada nas três modalidades.

Exemplo: pedir para seu atleta correr 10 km num pace onde sua percepção de esforço seja 8, onde 0 é muito fácil e 10 é muito difícil. Geralmente na percepção 8 o atleta está próximo do seu limiar anaeróbio. Em nosso exemplo o atleta correu num pace de 4 min por km (15km/h). Na semana seguinte pedir para o mesmo atleta fazer o treino de 10 km no pace de 4 min por km e dai você pede para que ele de uma nota de esforço de 0 a 10, percebeu? Primeiro determina o pace pela percepção, depois você determina o pace em minutos por km e pede para o atleta dar uma nota de esforço. Essa é uma das estratégias para monitorar o treino baseado na condição física atual do atleta e serve para as 3 modalidades.

Nos próximos artigos estaremos dando mais detalhes sobre essa forma barata e eficaz (mas que tem falhas também) para determinarmos intensidades ótimas de treino e competição.

Fabiano Peres é Mestre em Performance Humana,
diretor técnico da Trirun Assessoria Esportiva, Bike Fitter,
 triatleta há mais de 30 anos


@fperestri